terça-feira, 29 de novembro de 2011

Heloísa Périssé revive Dercy Gonçalves em Tiradentes

Heloísa Périssé e Fernando Eiras gravam nas ruas de Tiradentes Foto: TV Globo/João Miguel Jr.

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TIRADENTES - Heloísa Périssé tem uma obsessão. Ela não pode ver um piso, um azulejo, uma lata de tinta ou um saco de argamassa que fica doida. Há duas semanas, na histórica Tiradentes, estava no céu. Pela primeira vez na cidade mineira e com a casa do Rio em obras — "Uma parede lá em casa não dura três meses" —, ela ficou encantada com as construções. E com as charmosas lojinhas de decoração, claro. Queria comprar tudo. Queria, mas não teve tempo.
Ao lado de uma equipe de 200 pessoas, dos quais 90 figurantes escolhidos entre os moradores locais, Heloísa tinha apenas 48 horas para gravar cenas-chave de "Dercy de verdade", microssérie em quatro capítulos que estreia em janeiro, na Globo. Dirigida por Jorge Fernando e baseada no livro "Dercy de cabo a rabo", de Maria Adelaide Amaral, a produção vai contar a história da atriz, comediante e cantora Dercy Gonçalves, morta em 2007 aos 102 anos. Heloísa dará vida à fase "jovem" da artista, até os 50 anos. Na segunda etapa, é a vez de Fafy Siqueira assumir o posto. $é uma pequena participação, no início da trama, que promete emocionar.

— Jorginho me falou que a história também teria uma Dercy criança, de 12 anos. Eu disse: "Luisa, minha filha, tem essa idade". Aí ele disse que ela poderia fazer o papel. Perguntei e ela topou. E adorou! — conta Heloísa, toda orgulhosa, lembrando de uma cena em especial: — Luisa participa até o momento em que a Dercy criança leva um tapa na cara e, quando vira o rosto, já sou eu. Quase morri.
A atriz fica visivelmente emocionada quando $de Dercy, a quem chama de "força da natureza". Cansada, ela dá entrevista no restaurante do hotel em Tiradentes, depois de dois dias inteiros de trabalho pelas ruas, sob um sol implacável. Mais cedo, ao meio-dia, com um figurino que incluía um pesado casaco de lã, ela havia gravado na estação de trem local, numa referência ao momento em que Dercy, jovenzinha, foge com uma companhia de teatro que havia se apresentado em sua cidade natal, Santa Maria Madalena, no interior do Rio:

— Como em Madalena não existe mais Maria Fumaça e foi neste modelo de trem que Dercy foi embora com Pascoal (personagem do ator Fernando Eiras) e com a Companhia Maria Castro de teatro, recriamos a cidade em Tiradentes — explica Jorge Fernando, ressaltando que a microssérie tem como destino final os cinemas, a exemplo do que aconteceu com "O Auto da Compadecida": — Na verdade, eu estou fazendo um longa. Um filme que será uma grande homenagem a Dercy. Há uma preocupação para fazer planos abertos e fechados, para serem usados tanto na TV quanto no cinema.

Além da estação ferroviária de Tiradentes, o elenco gravou na praça principal — lá foi montado o palco da Companhia Maria Castro, com direito à plateia dentro e fora do set — e no Centro Cultural Yves Alves, que serviu como cenário para uma sessão de cinema na trama. Para recriar esse e outros ambientes dos anos 20 e 30, as equipes de caracterização e de arte cortaram um dobrado.

— É muito difícil reunir objetos que restaram desta época. Sem falar que a vida de Dercy $100 anos! Mas conseguimos, usamos material de acervo e adquirimos novas peças. Até as revistas precisam ser reproduzidas para parecerem novas. Chegamos a ir ao museu de Dercy em Madalena, mas ela mesma se desfez de muita coisa — conta Isabela Sá, produtora de arte da minissérie.

Já a preocupação da caracterização não foi deixar Heloísa e Fafy parecidas com Dercy:
— A ideia é capturar a personalidade desse personagem. Pensamos mais nisso do que em deixar as atrizes iguais a Dercy ou entre si, já que ambas fazem o mesmo papel. Respeitamos cada uma. O telespectador pode achar que é um erro, mas a maquiagem dela está sempre, propositalmente, meio borrada, com cara de que foi feita correndo — exemplifica Anna van Steen, uma das supervisoras.
Os 90 figurantes pareciam à vontade com as roupas de época, apesar do calor e dos deslocamentos de um lado para o outro pela cidade. As mulheres em vestidos comportados e os homens elegantes em seus ternos completos. Firmes e fortes, apesar do figurino calorento, também ficaram Fernando Eiras e Cássio Gabus Mendes. O último será Valdemar, pai da única filha da comediante, Decimar. Na vida real, no entanto, seu nome era Ademar.

— A história é um pouco romanceada. Ele foi o homem mais importante da vida de Dercy. Era rico e, embora casado, sempre a ajudou e a convenceu a ter a filha depois que ela engravidou. E foi essa filha que cuidou dela a vida inteira — lembra Cássio.

Fernando, o Pascoal, também defende seu personagem:
— Ele foi o homem que ela mais amou na vida. Por sorte, passou em Madalena com seu espetáculo, ela foi embora com ele e, juntos, viveram uma época marcante para a História do teatro brasileiro, na Praça Tiradentes (no centro do Rio de Janeiro). Dercy é uma escola de humor, é um palhaço trágico.
E parece que a alegria de Dercy contagiou toda a equipe. É assim nos bastidores, em grande parte devido a Jorge Fernando e Heloísa. Ali não tem tempo ruim, segundo a atriz:

— Eu sou muito feliz. Gosto de todo mundo. Amo Jorginho, esta equipe. Eu tenho uma tendência a gostar das pessoas. Fiz "Cama de gato" e disse: "Nunca mais vou ser tão feliz". Aí, em "Cordel encantado", fui mais feliz. Agora, fazer Dercy é uma coisa maravilhosa. Daqui eu vou para a nova novela do João Emanuel Carneiro (a próxima das 21h, provisoriamente chamada de "Avenida Brasil"). Deus mantenha este clima!




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