segunda-feira, 21 de março de 2011

Heloisa Périssé: Insônia que me persegue

Eu tenho tido insônia com frequência. Só de pensar em insônia, perco o sono. Literalmente, aliás. Eu cheguei à conclusão de que isso é coisa típica do universo adulto. Não me lembro mesmo de ter passado noites em claro aos 17 anos, a não ser por uma boa causa, como as noitadas típicas dessa faixa etária. Quando criança, então, dormia que nem um anjinho!

Ficar sem dormir nos momentos destinados a essa função me parece perda de tempo, assim como dormir durante o dia — embora, volta e meia, os cientistas apregoem o valor de uma boa sesta. Meu marido faz isso com gosto e sem um pingo de culpa! Mas eu sempre fui agitada e com mil coisas para fazer. Logo, quanto menos eu ficar deitada e o meu descanso “render”, melhor. Mas ninguém merece passar a noite acompanhando a evolução do relógio, até porque de noite parece que ele nem evolui. Eu evito olhar para ele, mas cada vez que faço isso, parece que quem está dormindo é ele. As horas não passam!
O pior é que os problemas aparecem nesse momento com lente de aumento. O fato de estar ali, fisicamente impotente, acelera nossa cabeça e, consequentemente, as urgências a serem resolvidas. Se há problemas de saúde, eles ficam sem solução e o medo nos comprime. Se a questão é separação, então, nos sentimos o ser mais sozinho da face da Terra, sem chances de novos encontros.
Fora situações ridículas em que você se coloca quando a carência toma conta. Como certa vez em que eu estava separada: abriu um buraco enorme no peito e senti a necessidade quase que física de abraçar alguém... E o que me sobrou àquela hora? O cachorro. Nessas horas, eles realmente provam que são os nossos melhores amigos. Puxei o bichinho para o meu lado e o envolvi em meus braços, como gostaria de estar sendo abraçada naquele momento.
Mas minha tentativa de suprir a carência não durou nem um minuto, porque o sono que o meu cachorro curtia começou a me incomodar num nível altissonante. Ele roncava, ressonava, estava em outra dimensão. Comecei a sentir uma inveja e a me perguntar por que até o cachorro conseguia dormir bem e eu não!!! Conclusão: perdi o sono de vez! 

Chego a levantar para anotar funções de que não posso esquecer no dia seguinte, vou ao banheiro um milhão de vezes, ligo e desligo o ar-condicionado, acreditando que a temperatura ambiente possa resolver o impasse... Só não tento contar carneirinho porque fico com medo de ver algum carneirinho cair e se machucar. Eu ia me sentir culpadíssima e não iria mais conseguir dormir de jeito nenhum!

Evito a TV porque acho que desperta. Já me recomendaram leite morno, banho quente... algumas amigas me disseram que partem para um livro nestas ocasiões. E um livro chato. Nessa, eu já li um dicionário e não dormi. 
Enfim, estou eu aqui, sentada, escrevendo minha crônica, louca para conversar com alguém... Já tentei Facebook, Twitter, mas... parece que todos dormem.Por quê? Só porque são quatro e nove da manhã! Que besteira! Assim que der cinco, vou colocar meu tênis, minha roupa de ginástica e... cair na cama, porque, com certeza, virada como estou, vou ter que dormir pelo menos até as dez! Boa noite! Ou melhor, boa semana!!!

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